Já falei algumas vezes aqui sobre o livro Como Falar para seu Filho Ouvir e Como Ouvir para seu Filho Falar, o melhor livro que já li sobre educação infantil.
Logo que li o livro, achava que não ia conseguir aplicar algumas das técnicas que elas ensinam, ou por achar que eu ia me sentir muito artificial ou por achar que aquilo não ia dar certo com a Amanda.
Pois bem, outro dia apliquei uma das técnicas que eu achava que não dariam certo – e deu super certo!
A técnica diz o seguinte: em vez de explicações e lógica, satisfaça os desejos da criança no nível da fantasia.
O exemplo que o livro traz é uma criança dizendo que quer Sucrilhos e a mãe dizendo que não tem em casa. Segue o diálogo de como não agir:
Filho: Eu quero Sucrilhos!
Mãe: Não tem, querido.
F: Eu quero! Eu quero!
M: Já disse que não temos em casa. Coma biscoitos.
F: NÃO! (e se joga no chão, fazendo birra)
M: Agora você está agindo como um bebê!
E o diálogo de como se deve agir:
F: Eu quero Sucrilhos!
M: Gostaria de ter algum em casa pra te dar.
F: Eu quero!
M: Sei que você quer muito!
F: Eu quero agora!
M: Eu gostaria de ter uma caixa de Sucrilhos gigante pra te dar!
F: Ih, então acho que vou comer biscoito.
Parece bobagem, não é? Fica a impressão de que a criança não vai agir dessa forma, assim, tão facilmente!
Mas vale a pena tentar e ver resultados surpreendentes! Vejam só o que aconteceu com a Amanda.
Um dia desses, a Amanda estava jogando Club Penguin à noite e queria MUITO ganhar uma série de jogos para conquistar um determinado selo do jogo.
Quando chegou perto da hora de ela ir dormir, falei que aquela seria sua última tentativa da noite, pois depois ela iria pra cama.
Ela não conseguiu vencer o jogo que precisava e, consequentemente, não ganhou o selo. E então, quando falei que ela não poderia tentar novamente, ela começou a chorar, falando que queria muito conquistar aquele selo e se deixasse para tentar só no dia seguinte, teria que começar o jogo todo de novo etc e tal.
Comecei explicando que ela precisava ir dormir porque tinha que acordar cedo no dia seguinte e disse também que eu já tinha avisado que aquela seria sua última tentativa.
Meus argumentos não adiantaram nada e ela continuou chorando bastante. Confesso que foi difícil manter a minha palavra, já que mãe tem coração mole! Heheheheh!
Mas então me lembrei dessa técnica do livro e falei:
“Eu queria poder parar todos os relógios do mundo às 20h30 pra você poder jogar até consquistar o selo, e só depois fazer os relógios voltarem a andar.”
Para minha surpresa, ela parou de chorar na mesma hora e entrou no mundo da fantasia, falando que se os relógios parassem, ela ficaria a noite inteirinha jogando, não precisaria dormir etc e tal. Falamos até sobre os japoneses ficarem com sol o tempo todo se os relógios parassem.
A parte mais difícil para mim foi conseguir determinar em que momento eu poderia voltar ao mundo real sem que ela começasse a chorar novamente quando percebesse que teria que ir dormir mesmo.
Finalizei dizendo que era uma pena que não pudéssemos parar todos os relógios do mundo de verdade, e que o nosso relógio já tinha andado mais uns 20 minutos, então ela tinha que ir para a cama.
E ela foi, numa boa. 😀
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